Ano letivo em comunidades ribeirinhas de Manaus tem início antecipado devido à seca do Rio Negro
09/01/2025
Cerimônia de abertura das aulas ocorreu na Escola Municipal Nossa Senhora do Livramento, na Zona Rural, nesta quinta-feira (9). Períodos de seca extrema fazem ano letivo ter início de maneira antecipada na Zona Rural de Manaus.
Patrick Marques/g1 AM
Com a subida do Rio Negro após a seca histórica que atingiu o Amazonas em 2024, o ano letivo nas escolas públicas da Zona Rural de Manaus foi antecipado e iniciou nesta quinta-feira (9). A ação é uma forma de antecipar também o fim das aulas antes do período mais intenso da estiagem, entre setembro e outubro. Durante a seca, crianças que dependem dos rios para ir às unidades de ensino encontram dificuldades para se locomover.
A cerimônia de abertura do ano letivo 2025 aconteceu na Escola Municipal São José I, localizada na Comunidade Nossa Senhora do Livramento. A localidade fica distante cerca de oito quilômetros da área urbana de Manaus e o acesso é possível apenas de barco.
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A pequena Larissa Pereira, indígena da etnia Baré, tem 7 anos, mora na comunidade e estuda na escola onde a abertura aconteceu. No início da cerimônia, ela fez uma apresentação especial para as pessoas que estavam no local e disse se sentir feliz ao poder retornar para as aulas após o período de estiagem.
"Eu acordo de manhã cedo, mas só vou para a escola de tarde. Eu amo minha escola", disse a pequena ao g1, após o retorno às aulas.
Estudante Larissa Pereira, indígena da etnia Baré, de 7 anos, se apresentou durante abertura do ano letivo 2025 na Zona Rural de Manaus.
Patrick Marques/g1 AM
Luciana Silva é mãe de uma criança que estuda no local e lembrou ao g1 que a escola chegou a ficar sem atividades por um tempo devido o período da seca do Rio Negro, o que impediu que estudantes de outras comunidades, profissionais e insumos pudessem chegassem até lá.
"Eles passaram um tempo sem estudar e estamos ansiosos para esse retorno. Secou bastante, não tinham como vir. O acesso ficou muito difícil até para os profissionais virem. Por conta disso, afetou bastante os alunos", contou Silva.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação (Semed), as aulas nas escolas da Zona Rural de Manaus devem seguir até o início de outubro, enquanto o ano letivo na área urbana da capital vai até dezembro.
"A gente consegue antecipar aquilo que os alunos perderam no momento da seca. Não houve acesso às escolas por conta da grande seca. Por isso, foi antecipado o início do ano letivo na área ribeirinha que agora já tem um acesso, temos as lanchas, está sendo feito todo um apoio logístico para que essas crianças possam chegar até as salas de aula", informou o prefeito em exercício de Manaus, Renato Junior.
Períodos de seca extrema fazem ano letivo ter início de maneira antecipada na Zona Rural de Manaus.
Patrick Marques/g1 AM
Seca histórica em 2024
Em setembro de 2024, a Prefeitura de Manaus decretou situação de emergência devido à seca severa que afetou o Rio Negro. O cenário crítico da estiagem alterou as paisagens das áreas portuárias da capital amazonense. Ao longo do mês, o nível do rio desceu abaixo dos 16 metros, cota mínima de segurança para banho na Praia da Ponta Negra, que precisou ser interditada.
Em 9 de outubro, o Rio Negro atingiu 12,11 metros, registrando a pior seca da história de Manaus pelo segundo ano consecutivo, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), isolando comunidades e afetando a população que é banhada pelo rio e seus afluentes.
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